Infelizmente, apesar do que dizem, precificar empresas é uma ciência não exata. Valuation, a determinação do valor de um ativo ou empresa, é o nome dado para esse processo. O fluxo de caixa descontado – em que as receitas são projetadas no tempo e trazidas a valor presente – é uma técnica padrão e ensinada em diversos cursos de Finanças, mas que nem sempre traz números concretos devido a diversos fatores indeterminados (oscilações futuras de mercado, sazonalidades, câmbio, novos entrantes, entre outros).
Startups são um tipo diferente: elas são micro-empresas que normalmente não têm receita e nem mesmo um modelo de negócio estabelecido. Pesquisadores com patentes também passam por um processo semelhante. Como precificar uma inovação que ainda não tem forma, cujo potencial nem mesmo pode ser projetado no futuro? Em grande parte das vezes, o valuation de startups é uma negociação difícil, seja com investidores ou potenciais sócios-capitalistas.
A indústria de venture capital gira em torno dessa relação de risco x retorno. Isso significa que ao conversar com um investidor, o empreendedor deve sempre provar – primeiro a si mesmo, e depois ao VC – que o capital investido terá um retorno muito alto no tempo. A expectativa do investidor varia muito com o estágio do negócio, o mercado que ele aborda, se o capital é próprio ou levantado através de um fundo, entre outros fatores. Como regra média (e por isso, nem sempre confiável) o VC espera um retorno de 3 a 10 vezes o capital aportado em 3 a 5 anos. Por exemplo, se ele deseja investir 2 milhões, irá procurar um negócio que lhe traga de 6 a 20 milhões de lucro ao final.
Essa expectativa do investidor brasileiro é baseada no mercado americano de VC, onde não é raro um investidor-anjo colocar 100 mil e ter uma saída – ou seja, venda de sua participação – que atinge 10 milhões em menos de 10 anos. Em outras palavras, o múltiplo de ganho pode ser muito maior em mercados mais aquecidos, inovações marcantes ou quando o investidor aportou capital nos primeiros meses da empresa.
Existem várias formas de se conseguir dar retorno ao investidor: vendendo a empresa, vendendo a participação a um outro fundo maior, acumulando lucros para pagar o capital investido, abrindo o capital, entre outras menos comuns. Por isso, lembre-se: o investidor assume o risco mas espera um retorno – e o empreendedor é o responsável por fazer esse retorno acontecer.